JN País >Minas de carvão de S.Pedro da Cova:uma lição de vida

Lutas laborais valeram muitos dias de prisão

"Era um calor, uma falta de ar e nós ali, descalços, a trabalhar só de calções e às vezes de tanga".

Serafim Marques, 89 anos, ainda hoje fica indignado com as condições de trabalho dos mineiros. Nunca se resignou e, foi com esse espírito, que criou o sindicato dos mineiros com outros dois companheiros. A luta valeu-lhe muitos dias de prisão na sede da PIDE na Rua do Heroísmo (Porto) e em Custóias. Escapou a sete meses e dez dias em Peniche porque, com a ajuda de amigos, pagou uma fiança de "6693 contos".

Mas a luta não foi em vão. Conseguiram que os mineiros passassem a usar máscaras e calçado, conseguiram diminuir os cortes nos salários quando não se atingiam os objectivos definidos, conseguiram uma inspecção para controlar os níveis de pó dentro das minas.

Serafim nunca aceitou o lugar de capataz e, por isso, sofreu represálias. Ao fim de 29 anos a trabalhar nas minas deu um passo que poucos tinham coragem de ensaiar. "Em 1966, c hateei-me e vim embora. Fui lavar carros. Ganhava 70 escudos e passei a receber 40. Mas não me arrependo".

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