"Não tenho de me envergonhar de ser vítima"JOANA CARNEIRO Casou com 20 anos. Queria ser feliz. Nunca o foi. A violência começou ainda no namoro, "Foi só um estalo". Mas esse "só" foi a primeira gota de uma tempestade. O olhar de "Maria" contrasta com a cor viva da camisola. Auxiliar de acção educativa, não tem "grandes estudos". Já não tem vergonha da sua história, apenas de a ter vivido. "Não tenho de me envergonhar de ser vítima", tenta convencer-se. Casada com um camionista, diz nunca ter sabido o que era um carinho. "Só sexo. Era o que ele queria". O sexo foi a razão de todas as tormentas. Sempre que recusava relações, o inferno (re)começava, "Queria sexo e tinha de tê-lo". Tiveram dois filhos. Para o marido, eram só duas bocas para alimentar: "nunca lhes faltou com nada". Faltou carinho. Sobrava medo. "Bastava ele falar para eu estremecer". Agora, já não treme. Nunca deixou a família perceber a tempestade que pairava sobre ela. Por vergonha. Sem sucesso. "Os meus filhos têm memórias do pai a bater-me desde novinhos". É a maior tristeza de "Maria", ter legado à infância dos filhos o sofrimento da mãe: "Não perdoam o pai". Mas optou sofrer para ter dinheiro para os criar. Dinheiro sempre foi o ponto de controlo do marido. Para "Maria", o sol nasceu depois da separação. Sente-se "uma mulher livre e leve". Quer uma vida calma, gostava de se apaixonar, "de saber o que é ter carinho". Ao olhar para trás, a alegria pelos filhos colide na tristeza da voz: "Vivi 26 anos com um louco". |
Índia: restaurante coloca frigorífico na rua para que sem-abrigo possam tirar as sobras Quando a proprietária de um restaurante de Kochi, na Índia, viu uma mulher sem-abrigo a comer de um caixote do lixo, ao lado do estabelecimento, teve uma ideia: colocar um frigorífico na entrada do Pappadavada, para que os sem-abrigo se pudessem servir em segurança e, paralelamente, o restaurante reduzisse o desperdício alimentar. O frigorífico está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, e todos se podem servir dele. Para além dos alimentos que, ainda que confeccionados, não são ingeridos pelos clientes ou colaboradores do restaurante, o frigorífico recebe várias refeições por lá colocadas por anónimos. Segundo Minu Pauline, citada pelo La Repubblica, o Pappadavada é responsável pela colocação de 75 a 80 refeições por dia no frigorífico. “O dinheiro é nosso. Mas os recursos pertencem à sociedade”, expli...
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