VISÃO

"Ficaria feliz se a AMI não tivesse razão de ser"
Patrícia Fonseca

Cinco perguntas a Fernando Nobre, na semana em que a maior organização de assistência médica portuguesa cumpre 25 anos. Veja também a INFOGRAFIA ANIMADA que mostra actuação da AMI em todo o mundo.
Nenhuma outra organização nacional ajudou tantas pessoas, em tantos locais do mundo: a AMI - Assistência Médica Internacional cumpriu já mais de 200 missões humanitárias, em 65 países, sempre sob a liderança do seu fundador, o médico Fernando Nobre. Aos 59 anos, mantém o espírito inconformado, como se depreende da conversa telefónica com a VISÃO, a partir do Benin.
O homem que consegue ter na voz a alegria das crianças, falando do centro de saúde que ajudou a construir naquele país africano, é o mesmo que não se cala, perante as gigantescas necessidades da população mundial: "Sei que tudo o que fazemos não passa de uma gotinha de água. Mas é nosso dever indeclinável contribuir com essa gotinha para o bem comum."
Vinte e cinco anos depois da fundação da AMI, o que prevalece? A sensação de dever cumprido, recordando os milhares de pessoas que apoiaram, ou a angústia, perante os milhões que ainda necessitam de apoio urgente?
É um misto de tudo isso... Há 25 anos, nunca sonharia que a AMI iria ajudar tantas pessoas. Actuámos em 65 países e mantemos projectos em cerca de 40. Em termos internacionais, não vejo, com toda a humildade, outra organização que tenha espalhado desta forma o nome de Portugal pelo mundo - porque somos "os médicos portugueses"... Da Papua à Ucrânia, é assim que nos conhecem.
A AMI alargou a intervenção à área social. Porquê?
Era preciso dar resposta aos graves problemas sociais do País. Há 15 anos criámos a Porta Amiga e hoje temos 12 centros, que são uma referência no apoio aos excluídos. Criámos também a área ambiental, lançando campanhas como a da recolha de radiografias, a que juntámos um quarto pilar, visando "alertar consciências" - e é nesse sentido que vão os meus livros, artigos e conferências.
Sente que esses seus "gritos contra a indiferença" são ouvidos?
Quero acreditar que têm algum impacto. Sinto que algo está a mudar no paradigma da sociedade e que a AMI tem dado um contributo para essa mudança. O meu novo livro tem precisamente o título Humanidade - Para uma Cidadania Global Solidária (Ed. Temas & Debates). Acredito que os grandes problemas só podem ser resolvidos com uma cidadania activa, solidária, informada e global.

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