Correio da Manhã

Gaia: Máquina industrial cortou membro a trabalhador

Recupera braço após operação

O momento em que a máquina industrial lhe cortou o braço ficou gravado na cabeça de Fernando Machado, de 29 anos, como a sentença de que nunca mais voltaria a tê-lo. Ao pânico seguiu--se o que considera um "milagre". Uma equipa de cirurgiões do Hospital de Gaia conseguiu, em seis horas, reconstruir-lhe o membro que tinha ficado amputado abaixo do cotovelo. Agora, percorrerá um ano de recuperação e voltará a ter uma vida quase normal.

"Não sei explicar como tudo aconteceu. Só me lembro das dores horríveis, porque estive sempre consciente. Tenho de agradecer a um colega que teve o sangue--frio de pegar na mão e conservá-la com gelo", contou Fernando. O homem, que trabalha numa fábrica de madeiras em Felgueiras, está internado há uma semana. Apenas as dores durante a noite incomodam o operário, mas nada que perturbe a felicidade porque "dentro do grande azar" diz ter tido uma "sorte enorme". "Isto só acontece nos filmes, nunca julguei voltar a ter o braço. Encaro isto como uma segunda oportunidade e quero regressar ao trabalho. Gosto do que faço e apesar de poder ficar com um ligeiro trauma, vou ultrapassar", disse o doente. Fernando foi pai de uma bebé há alguns dias, que, por ter nascido prematura, também está internada.

Horácio Costa, um dos sete cirurgiões envolvidos na operação, revelou ao CM que o sucesso desta cirurgia depende de três factores. "O tempo que medeia o traumatismo e a operação, o nível e o tipo de corte. Os casos de esmagamento e torção são muito complicados", explicou. Esta é uma intervenção cirúrgica complicada, pois é trabalhada ao nível do micro-implante. "Trabalhamos com agulhas de um milímetro, em secções cuja espessura é de um fio de cabelo", disse Horácio Costa. A taxa de sucesso é de 92 por cento e as limitações para os doentes são de sensibilidade e articulares. João Carlos Malta

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