DN Ciência

Células estaminais

Paralisia cerebral pode ter novo tratamento

por HELDER ROBALO

Pediatra norte-americana realiza estudo pioneiro no uso de sangue do cordão umbilical no tratamento da paralisia cerebral.

A Duke University, nos EUA, está a elaborar um estudo pioneiro, conduzido pela pediatra e investigadora Joanne Kurtzberg, que poderá vir a permitir que o sangue do cordão umbilical seja utilizado no tratamento da paralisia cerebral. A investigação arrancou em 2005 e várias crianças com paralisia cerebral e traumatismo crânio-encefálico já receberam transfusões do seu próprio sangue do cordão umbilical (infusão autóloga), em regime experimental.

Para Rui Reis, director do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, sedeado na Universidade do Minho, "os resultados são promissores pois o tratamento parece indicar que as crianças têm algumas melhorias ao nível do comportamento cognitivo".

Sublinhando que é cedo para garantir o sucesso do tratamento, Rui Reis afiança que o estudo mostra que "mais tarde ou mais cedo vão começar a existir tratamentos em que serão precisas infusões autólogas". "As pessoas começam a perceber que o sangue do cordão umbilical não serve apenas para tratar problemas sanguíneos", diz. Pelo que, refere, se torna necessária a criação de bancos públicos, e privados, de criopreservação de células estaminais.

Entretanto, em Maio passado uma criança portuguesa de 18 meses integrou o estudo e recebeu uma infusão autóloga de sangue do cordão umbilical. "Provavelmente só dentro de algum tempo saberemos quais os resultados", diz Rui Reis, embora saliente que não conhece este caso em concreto. Mas acrescenta que "está razoavelmente demonstrado que o procedimento é seguro".

Aguardam-se os resultados do estudo, mas vários especialistas internacionais mostram-se entusiasmados com esta possível aplicação terapêutica das células estaminais do sangue do cordão umbilical.