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As notícias que ninguém deu em 2009

por PEDRO FONSECA

As notícias que ninguém deu em 2009

Da 'venda' de políticos (incluindo Obama) a Wall Street à colocação de lixo nuclear e tóxico nas águas da Somália: Project Censored aponta as notícias que os media americanos falharam.

Todos os anos, desde há três décadas, o Project Censored (grupo de investigação sociológica ligado à Universidade de Sonoma, Califórnia) apresenta uma lista de 25 notícias que considera não terem sido objecto de grande cobertura noticiosa durante o ano que passou, principalmente pelos media norte-americanos. Este resultado é obtido a partir de 700 a mil propostas enviadas para o seu site, www.projectcensored.org.

Este ano, a principal dessas notícias é a "venda" dos políticos a Wall Street pelo facto de partidos, candidatos presidenciais ou ao Congresso terem alegadamente recebido, desde 2001, mais de 64 milhões de dólares provenientes de oito empresas "problemáticas", como a Bear Stearns, Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merrill Lynch, Morgan Stanley, American International Group, Fannie Mae e Freddie Mac, entre outras.

Algumas das personalidades envolvidas têm responsabilidades na regulação do sector financeiro e mesmo o presidente Barack Obama terá recebido "pelo menos 4,3 milhões de dólares de funcionários destas empresas para financiar a sua campanha presidencial em 2008".

No início deste ano, um conjunto de incentivos governamentais, no valor de milhares de milhões de dólares, "foi inventado para injectar dinheiro na economia, a maioria sob o controlo completamente secreto do sector financeiro" e "ninguém sabe quem recebe aquele dinheiro" ou como ele desaparece.

"A indústria financeira capturou efectivamente o governo", diz Simon Johnson, antigo responsável do Fundo Monetário Internacional.

A segunda principal história assume que as escolas norte-americanas estão agora mais segregadas do que nos anos 50. As minorias são em maior número nas escolas públicas dos Estados Unidos, nomeadamente "os latinos e os negros, os dois maiores grupos de minorias", muito mais do que quando, nos anos 60, se desenvolveram os grandes movimentos de direitos civis para a integração racial.

A colocação de lixo nuclear e tóxico nas águas territoriais da Somália a partir de 1991 está na origem da terceira história e da emergência dos "piratas" somalis. Centenas de barcos de diferentes nações aproveitaram a queda do Governo local, há 18 anos, para ali despejar todo o tipo de lixo tóxico e radioactivo, bem como para se aproveitarem da pesca ilegal, prejudicando a actividade piscatória das populações e provocando o surgimento dos denominados "piratas", criticados pela comunidade internacional mas apoiados pela local.

Outras notícias "censuradas", algumas cuja origem remonta a anos anteriores a 2009, abordam a forma como a Europa bloqueou produtos tóxicos provindos dos Estados Unidos através de medidas de regulação mais exigentes, como Obama renomeou alguns militares de passado duvidoso, como o Equador rejeitou a sua dívida externa, o aproveitamento por empresas estrangeiras da ocupação da Palestina ou o "fiasco" do Banco Mundial na redução de emissões de dióxido de carbono através da venda de créditos previstos no Protocolo de Quioto, antes ainda da cimeira de Copenhaga.

(Uma notícia que nos "abre" os olhos é uma boa notícia)

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