Ginástica levada às aldeias tira idosos de isolamento


GLÓRIA LOPES

Uma associação juvenil, a Azimute, instalou-se numa aldeia de Bragança e conseguiu quebrar os isolamento em que viviam os idosos, com simples aulas de ginástica e pôs septuagenárias a rir e a viver melhor.

Foi preciso chegar aos 82 anos para Emília Pires frequentar uma aula de ginástica. Até este ano, nunca tinha feito abdominais ou exercícios de pernas e braços. Na sua mocidade não se usavam "estas modernices". E se, no início, ficou relutante ante a proposta feita pela Azimute, agora não quer outra coisa. Nunca faltou a uma aula, e até acha que uma hora por semana é muito pouco para tão agradável passatempo. É certo que gosta dos exercícios da jovem Ana Claúdia, aluna de um Curso de Especialização Tecnológica da Escola Superior de Bragança, que fez destas aulas o seu projecto de estágio, mas o melhor, confessam as idosas, é rir e conviver com as restantes senhoras da localidade.

Portela é uma aldeia a escassos quilómetros de Bragança, mas onde só residem 30 pessoas, que apesar de poucas, ainda conviviam menos até ao arranque das aulas de ginástica, há três meses.

O povoamento disperso não propicia o contacto entre vizinhos, que acabam por se falar apenas quando se cruzam na rua, vivendo na solidão das suas casas. As sessões de ginástica propostas pela Azimute, uma associação juvenil que recuperou uma antiga escola primária na localidade, até podem parecer coisa simples, mas serviram para operar uma mudança notável, quebrando o isolamento dos habitantes.

As idosas do grupo de ginástica, além de ter melhorado alguns aspectos ligados à saúde, convivem mais, organizam lanches em casas umas das outras, já fizeram uma sessão para ensinar a fazer compotas e, este fim-de-semana, vão em excursão a Freixo de Espada - à -Cinta. "Estamos aqui para colaborar com a população, é pena que não existam mais associações nas aldeias", explicou João Cameira, dirigente associativo.

Sentem-se sós, com a impressão de que se fazia pouco caso deles, "deviam vir jovens por cá mais vezes, conversar connosco assim como esta menina da ginástica, que dá atenção aos velhos", referiu Maria Angelina, 74 anos.

As aulas têm servido para conviver, para falar, para se divertirem, "os homens são mais velhotes e não vêm, mas nós não faltamos", conta Assunção Gonçalves, de 75 anos.

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