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Reclusos viram agricultores para alimentar os pobres

Presos cultivam toneladas de alimentos que oferecem ao Banco Alimentar contra a Fome


NUNO MIGUEL ROPIO

Reinserção social de reclusos e cultivo do espírito solidário são a essência do "Horta Solidária". Projecto que está a ser desenvolvido em cinco estabelecimentos prisionais e que permite alimentar a população mais pobre.

Alto, tão musculado que os peitorais e os bíceps não cabem na t-shirt apertada, cabelo rapado à máquina zero e um caminhar desafiante. Luís M. tem poucas características físicas associadas à imagem do típico agricultor português - isto para não dizer 'nenhumas'. Na verdade, aos 34 anos, o recluso do Estabelecimento Prisional de Setúbal (EPS) ainda conserva aquele aspecto intimidatório de segurança das casas de diversão nocturna.

Mas as aparências iludem. Neste momento, Luís é, não só, o melhor horticultor da Quinta da Várzea - uma área agrícola de 24 hectares cedida pelo Ministério da Agricultura ao EPS -, como ainda mereceu ser escolhido para capataz dos sete companheiros reclusos que participam no "Horta Solitária". Um programa resultante de uma parceria entre a Direcção-geral dos Serviços Prisionais e Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares e que está a ser aplicado em outros quatro presídios, além de Setúbal: Santa Cruz do Bispo, Leiria, Alcoentre e Pinheiro da Cruz.

Batatas, couve, tomates e curgetes são as quatro espécies leguminosas produzidas pelos reclusos e depois distribuídas pela população mais desfavorecida, através do Banco Alimentar contra a Fome de Setúbal. Segundo Teresa Almada, responsável pelo projecto no EPS, cerca de 22 toneladas de legumes saíram, até ontem, da Quinta da Várzea. Até ao final da época das colheitas, o projecto poderá produzir 400 toneladas de alimentos nos cinco estabelecimentos.

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