Diário de Notícias
Digressão

Orquestras portuguesas vão à China

por bernardo mariano

Numa curiosa coincidência, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra Sinfónica Portuguesa partem hoje ambas para uma digressão pela China. No total, serão 15 concertos em 12 cidades. Música portuguesa faz parte dos programas das duas

Para a Sinfónica Portuguesa (OSP) é uma estreia. Já para a Metropolitana (OML), trata-se da quinta ida ao Oriente, depois de em anteriores visitas ter ido ao Japão, Coreia do Sul, Tailância, Índia e Macau. Calhou que, por canais diversos, as agendas coincidissem, fazendo com que as duas formações saiam de Lisboa rumo à China no mesmo dia (hoje). No entanto, enquanto lá, não se cruzarão, já que visitarão zonas diferentes do enorme país: a OSP mais no Sul e Pequim, a Metropolitana deambulando pela grande região de Xangai.
Christoph Dammann, director artístico do S. Carlos, atribui "grande importância" à digressão, que qualifica de "aventura" e "honra". Considerando "fundamental para nós ter visibilidade fora do país", crê ainda que será "um excelente início para o desenvolvimento artístico da orquestra".
Por um diapasão próximo afina Cesário Costa, maestro titular e director artístico da Metropolitana: "qualquer apresentação no estrangeiro é sempre relevante" e esta "abre portas à música portuguesa de uma maneira muito forte", citando ainda "a grande expectativa" do público chinês em conhecer música portuguesa. Tempera, porém, o discurso, referindo-se a "mais uma etapa do trabalho desenvolvido até agora e ao longo da presente temporada" e à oportunidade de "dar a conhecer o trabalho da orquestra". Perspectivando já os efeitos imediatos de realizar "nove concertos quase em dias seguidos", fala de "um reflexo no crescimento artístico, como grupo, da orquestra", resumindo-o assim: "no final, a orquestra terá evoluído naturalmente".
Em relação aos custos envolvidos, Dammann refere "120 mil euros, assumidos pelo Opart [entidade que gere S. Carlos e CNB], envolvendo exclusivamente os cus- tos das passagens (ida e volta) e da carga", ressalvando que "transporte interno e alojamento são da responsabilidade da agência que nos convidou". Cesário Costa é mais lacónico: "é difícil definir, porque há muitos custos assegurados por eles [promotor chinês] e outros em que houve uma comparticipação da Fundação Oriente e do Instituto Camões, para além de a Air France nos ter reduzido o valor das tarifas aéreas". Outra forma de reduzir custos passou por "alugar lá os contrabaixos e a percussão".
O itinerário da digressão "foi definido pelo promotor". Cesário confessa ter-se "considerado ir a Macau, mas concluímos que não seria possível". Um convite para regressar "seria sempre um sinal muito positivo", mas cuja consideração exigiria sempre "uma análise calma e serena", completa.
A "delegação" da Metropolitana, de 45 pessoas, inclui como solista o violinista Alexandre da Costa, um canadiano luso-descendente. Por seu lado, a da OSP envolve 73 pessoas, sendo dois os maestros: Johannes Stert substituirá Julia Jones nos dois concertos em Pequim: um Così fan tutte (Mozart) no Covent Garden tra-la-á mais cedo do Oriente. Julia Jones, aliás, cujo trabalho Dammann diz "ser objecto de muito interesse" no Oriente: "ela tem uma boa reputação por lá". Também o novo CD Crossing Borders (ver acima) acompanha a OSP na digressão.
"Vou-lhe dar uma informação exclusiva" - diz Dammann a dado passo: "já temos outro convite para ir em 2011 à Escandinávia". Sobre o mesmo assunto, é mais comedido Cesário: "há um projecto que envolveria todos os Palop e compositores de cada país, mas é ainda prematuro dizer mais".

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